sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Informação e comunicação

Quem sabe hoje qual a diferença entre informação e comunicação? Quantas pessoas se questionam em relação a como esses dois termos são usados? A maioria da população utiliza e dispõe dos dois, não se preocupam em procurar outras informações ou comunicações e tornam-se passíveis a tudo que absorvem.
No início da troca de informações, o conhecimento científico era restrito às elites econômicas, que tornavam-se também, elites intelectuais. Eram essas elites que restringiam o conhecimento a seus grupos, pois temiam suas consequências na população, consequências que podiam, muitas vezes, gerar revolta e revolução na sociedade involuntariamente ignorante. Ou seja, as elites temiam a troca de informações pois sabiam que conhecimento é poder, transformando-o em manipulação, ao invés de ser utilizado como deveria, como um poder ser, fazer, sentir, querer, um poder saber e tomar decisões.
Refletindo sobre os conceitos explorados por Paulo Freire, a informação é transmitida em um estilo “bancário”, na qual são depositados conhecimentos tidos como necessários e completos à existência humana, enquanto que o homem, agente principal dessa informação, apenas recebe e assimila, não cria nem reflete.
Os meios por onde essa informação transita, geram pensamentos fragmentados de seu contexto histórico, criando um lugar-comum para cada situação. Por exemplo, ao tratar de um assalto seguido da morte do assaltante pela violência exarcebada da policia, esta, com ajuda da mídia, produz notícias que transformam em aceitável a morte devido sua posição na sociedade: a de assaltante. Mas será que é esse realmente o lugar que uma pessoa assim ocupa? Será que ele tinha seus direitos garantidos, como uma boa educação, saúde, alimentação, emprego? Quantos meios de comunicação nos ajudam a refletir assim?
A resposta é simples: poucos. E desses poucos, poucas pessoas têm conhecimento de sua existência. Os monopólios de comunicação, nos quais alguns mandam e muitos obedecem, geram situações determinantes, modas únicas, uma sociedade explicitamente homogênea, enquanto que essa mesma sociedade berra suas diferenças, suas distinções. A mídia tenta uniformizar, mas ao contrário, só consegue criar estereótipos, pessoas que aceitam passivamente o que esta “reservado” a elas ou pessoas que se revoltam e vivem rompendo com os pré-conceitos que permeiam a sociedade quase como um todo.
Ao cometer um assalto, a pessoa não está simplesmente procurando o que precisa, ou distribuindo violência à toa, existe também um pedido de atenção de que algo não está certo ou não está dando certo. Além de todas as suas deficiências econômicas, socias, políticas, o que poderia estar influenciando um bloqueio na evolução desses processos? A comunicação, da maneira errada como está sendo produzida, com informações incompletas, é um agente determinante para a alienação humana.
Ou seja, os meios de comunicação de massa têm um maravilhoso poder de transmitir informações, as vezes em tempo real, para um grande número de pessoas, mas enquanto suas informações forem utilizadas de maneira errônea, a comunicação servirá apenas para manipular e as informações ficarão esvaziadas de sentido. As tecnologias que os meios de comunicação utilizam no uso da informação não limitam as pessoas e seus pensamentos. São os processos históricos, econômicos e principalmente políticos que limitam esses meios.

Clarissa Azevedo.

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